O trabalho pretende expor, à luz da metaficção, o percurso criador como conhecimento de si e do mundo. Para isso, parte-se do longa-metragem de animação A viagem de Chihiro (2001), do diretor japonês Hayao Miyazaki. A letra da canção “Eu e mim” (2003), da cantora e compositora brasileira Rita Lee, também será aqui utilizada, de maneira complementar. Sendo assim, apresenta-se o diálogo entre a narrativa cinematográfica, a letra da canção e o processo de criação. Quanto aos objetivos, busca-se evidenciar, neste diálogo, o encaixe e o mise en abyme, como recursos de temporalidade, ressaltando a multiplicidade e os espelhamentos ao apontar, na narrativa de Miyazaki, a relação de Chihiro com os mundos: da realidade e da “ficção” - mundo fantástico. Propõe-se dessa maneira, compreender como nos percursos de Chihiro e do artista, realidade e ficção se encaixam e acarretam a percepção de si e do mundo. Quanto à perspectiva crítica, as abordagens teóricas de Gustavo Bernardo (2010) e de Cecília Almeida Salles (2011) compõem a base para a mediação entre os elementos metaficcionais presentes na narrativa cinematográfica, na letra da canção e no percurso criador. A escolha do arcabouço teórico, dá-se uma vez que, percebe-se em ambos os autores, aproximações multidisciplinares a partir da perspectiva literária. 103 Bernardo relata a metaficcionalidade presente em diferentes linguagens e de igual forma, Salles apresenta os estudos da crítica de processos.